O Datafolha de hoje confirma as mesmas tendências de levantamentos anteriores, traduzidas pelo crescimento acelerado de Fernando Haddad (16%), pela dianteira de Jair Bolsonaro, em curva ainda ascendente (28%), e pela estabilização de Ciro Gomes na faixa dos 13%. Não cresceu, mas também não caiu – o que ainda o anima a lutar pela segunda vaga no segundo turno. A estratégia de Ciro nos próximos dias é bater em Fernando Haddad e investir nos votos de centro.
As pesquisas mostram que Haddad vem herdando aceleradamente os votos de Lula, o que explica o esvaziamento concomitante de Marina Silva, que, sem a indicação de um substituto do PT, era a principal destinatária do apoio ao ex-presidente. Com o lançamento de Haddad, essa situação mudou claramente, e o petista ainda tem teto para crescer.
O que Ciro quer evitar é que Haddad cresça junto ao eleitorado de centro, que considera responsável pelo seu próprio crescimento nas últimas semanas. Mostrando-se viável no terceiro lugar, onde até dias atrás empatava com Haddad, Ciro acabou tirando votos de Geraldo Alckmin e do trio João Amoedo-Henrique Meirelles-Álvaro Dias, que oscilou para baixo esta semana. Haddad cresceu mais, mas ele não perdeu.
Realisticamente, o candidato do PDT tem poucas chances de mudar o quadro e ir parar mo segundo turno daqui a duas semanas. A curiosidade é que, nessa tentativa, está tendo o apoio e a torcida do chamado establishment – que, como já escrevemos aqui, morre de medo do PT e de Bolsonaro. Ciro Gomes, quem diria, acabou no Irajá como o candidato do centro que até ontem o desprezava.