Para ficar só nas últimas horas: o candidato Jair Bolsonaro declarou que não vai aceitar nenhum resultado eleitoral que não seja a vitória dele próprio; um ministro do STF autoriza o ex-presidente Lula a dar uma entrevista e é atropelado por um colega do próprio tribunal, que cassa a decisão e decreta censura à imprensa no que diz respeito a entrevistas de Lula; um juiz é flagrado preparando uma operação para boicotar a eleição de 7 de outubro em um município determinando que o Exército apreendesse as urnas por suposta falta de segurança.
Isso não está ocorrendo numa república bananeira qualquer, mas aqui em casa. E não falta apenas uma semana, como muitos dizem, para acabar. Falta um mês para a votação final no segundo turno. Até lá, vamos nos inscrever no programa Meu Lexotan, Minha Vida. Muita calma nessa hora, minha gente, pois está claro que tem gente queremdo melar o jogo e não dá para cair em provocação.
Não vai ser fácil, e muita coisa vai depender da capacidade do Judiciário de botar ordem na casa. O Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superios Eleitoral correm sério risco de desmoralização se não derem resposta à altura a Bolsonaro, que questiona a lisura de um sistema eleitoral que é exemplo para o mundo. É preciso deixar claro isso – cadê o pesaoal da OEA, da ONU, o escambau? – e, sobretudo, que um candidato atenta contra a democracia quando questiona o resultado da eleição antes dela acontecer.
É preciso também tirar o STF da situação ridícula em que se meteu – mais uma – em relação à entrevista de Lula. Se a cúpula do Supremo não concordou com a decisão de Ricardo Lewandowski de autorizar a entrevista de Lula, que tome coragem e faça uma sessão plenária para discutir o assunto, mostrar a cara e sua razões ao país. Ao deixar que o ministro Luiz Fux censure a imprensa por decisão monocrática, o STF está cavando mais fundo ainda a cova do descrédito, na qual começou a se afundar.
Não falei aqui ainda das manifestações do #EleNão, e nem da proliferação de operações da Policia Federal sobre candidatos nessa reta final. As primeiras são manifestações legítimas da democracia, e devem ser garantidas. É importamte, porém, cuidar para que ocorram em paz, prevenindo reações do outro lado e garantindo a segurança dos manifestantes.
A ação da Lava Jato e outras operações às vésperas da eleição deixam muita gente com a pulga atrás da orelha, e exigem olho vivo. A cada dia aparecem mais traços de propósito eleitoral nessas ações. Se fazem com uns, fazem com outros. E não é porque hoje a busca e apreensão é na casa do adversário que se deve ficar tranquilo.
Mais uma vez, cabe aos tribunais superiores do Judiciário garantir a ordem e oa direitos. O momento pode tolerar muita coisa, menos frouxidão.