Filho é filho, e pai não joga filho ao mar. Mas Jair Bolsonaro escolheu a TV Bloomberg hoje pela manhã, em Davos, para dar o recado que seu entorno militar esperava: se Flávio Bolsonaro errou, e isso for provado, vai ter que pagar o preço por seus atos. Não foi a primeira vez que o presidente deu declaração esse sentido, e trata-se até de certa obviedade, mas tem seu peso em meio a revelações em série sobre o filho e seus assessores.
Desde o fim de semana, os auxiliares mais próximos do presidente estavam preocupados em demarcar distância entre o presidente e a situação enrolada de Flávio Bolsonaro, e suspiraram aliviados nesta manhã. Sabem, porém, que o cordão de isolamento só vai funcionar se a sangria de vazamentos e revelações diárias sobre o filho for estancada – o que, pelo tom da mídia, parece difícil.
Até porque há pontos do caso Coaf em que o próprio presidente é mencionado, como o fato de a filha de Fabrício Queiroz ter trabalhado para ele e o empréstimo que ele teria feito ao funcionário.
O fato concreto é que a crise Coaf atrapalhou a agenda de Bolsonaro em Davos. O cancelamento da coletiva e do pronunciamento presidencial previstos para esta quarta em Davos — algo inédito no Fórum — é sinal disso. O prejuízo se estendeu também aos ministros Paulo Guedes e Sérgio Moro, que fariam a coletiva que acabou cancelada e acabaram perdendo a oportunidade de ter maior contato com a imprensa internacional — que anda cética em relação ao Brasil.