Tudo indica que a candidatura Michel Temer à reeleição foi um sonho de uma noite de verão no Palácio do Jaburu. Além da volta da maré negativa no plano político-policial, com a decisão do ministro Edson Fachin de incluir Temer em mais um inquérito e a de seu colega Luís Roberto Barroso de mandar quebrar o sigilo bancário do presidente, os números da pesquisa CNT/MDA recém divulgada sepultam de vez esse sonho.
Realizada mais de dez dias após a última cartada politico-midiática do Planalto, a intervenção na segurança do Rio de Janeiro, a pesquisa mostra, antes de tudo, que pouco ou nada mudou no cenário. A (im)popularidade de Temer ficou na casa dos 4,3% de avaliação bom/ótimo do governo, uma variação dentro da margem de erro em relação ao último levantamento da série- 3,4% em setembro do ano passado. Quando a pergunta é sobre o desempenho pessoal do presidente, ele é aprovado por 10,3% das pessoas, mas reprovado por 83,6%.
Esta situação pode mudar até outubro? Claro que pode. Tudo pode mudar nessa vida. Mas é extremamente improvável qualquer mudança suficiente para transformar Temer em candidato viável. Nao se pode dizer, por exemplo, que é preciso dar tempo para que a intervenção seja mais conhecida e aprovada pela população. Já nessa pesquisa, 69% das pessoas declaram considerá-la uma decisão correta do governo. Mas isso não foi suficiente para que dessem maior aprovação ao presidente.
Ou seja, a pesquisa confirma que as coisas positivas do governo não grudam em Michel Temer – talvez em função do constante, contínuo e persistente noticiário sobre as investigações de corrupção que o envolvem.
E agora? Sabe-se lá por que, seu companheiro de candidatura quase impossível, Henrique Meirelles, não entrou nessa rodada CNT/MDA. Outro hipotético candidato do campo da centro-direita, Rodrigo Maia, continua patinando em torno dos 1%. Geraldo Alckmin continua empacado nos 6,4% no cenário com Lula e sobe para 8,7% quando o ex-presidente sai da cédula. Nada animador, mas pelo menos mostra que está vivo – e que talvez seja a alternativa mais viável ao centro.
No outro lado da moeda, continua sendo impressionante a resiliência de Lula. Condenado e prestes a ter sua prisão decretada, no centro de uma avalanche noticiosa para lá de negativa, o ex-presidente teoricamente inelegível continua liderando com 33,4%.