Especialistas no assunto asseguram que, se for aprovada pelo Senado a PEC da execução impositiva das emendas coletivas do Orçamento, votada a toque de caixa pela Câmara, o governo Bolsonaro ficará com os dois braços e as duas pernas engessados. Terá sorte se conseguir continuar tuitando. A proposta é exatamente o contrário do que foi pregado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, quando defendeu a desvinculação orçamentária.
Não adianta, portanto, tentar maquiar ou esconder: o Planalto sofreu uma tremenda derrota na terça-feira. E parece que ainda sofrerá muitas.
Soou patética a declaração de voto do filho 03 do presidente, Eduardo Bolsonaro, que votou a favor explicando que, em 2015, quando a PEC foi apresentada, ele e seu pai haviam votado a favor. Ora, na ocasião este projeto era uma das pautas-bomba inventadas pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, contra a presidente Dilma Rousseff.
Jair e Eduardo Bolsonaro, naquela época, eram oposição. Agora, incrivelmente, continuam se comportando como se ainda o fossem.
Veio a quarta-feira, com a presença dos superministros Paulo Guedes e Sérgio Moro em comissões no Senado. Uma distensão, quem sabe, junto com a notícia dada pelo ministro Ony Lorenzoni de que finalmente o presidente da República aceitou conversar com os presidentes de partidos políticos – que ainda não conseguiram pisar no Planalto desde que assumiu.
Durou muito pouco, porém, a expectativa positiva, que despencou junto com a Bolsa, ao mesmo tempo em que o dólar subia. O próprio Bolsonaro tratou de azedar o clima com mais uma provocação ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia – aquele que colocou a PEC na pauta. Disse, de novo, que Maia estava abalado com a prisão do sogro, Moreira Franco.
Foi o suficiente para que o deputado, de temperamento esquentado, reagir pesadamente, mandando Bolsonaro parar “de brincadeira”, sentar na cadeira de presidente e governar. Não há distensão possível nesse clima, e raras vezes se viu a República tão nervosa.