Não é apenas a cúpula do PSDB, com quem jantou ontem à noite, e o empresariado que estão pressionando Michel Temer a colocar o ajuste fiscal nos trilhos e aprovar medidas duras, sem concessões. O Banco Central também não ficou nada satisfeito com o desfecho da votação que retirou a proibição de aumentos salariais para o funcionalismo estadual do projeto de renegociação das dívidas.
Presidentes e diretores de bancos centrais não costumam ficar dando entrevistas a toda hora para falar de assuntos que não são estritamente técnicos. Mas a de Ilan Goldfajn à Folha no fim de semana, criticando interesses particulares que estariam sendo obstáculo ao ajuste, foi um aviso claro. Internamente, o recado foi passado à Fazenda em tons ainda mais fortes.
Os navegantes do Planalto e adjacências entenderam que, se Henrique Meirelles tem certo jogo de cintura para ser derrotado pelos políticos nas votações do ajuste – talvez até por sua condição de pré-candidato – , o presidente do BC não tem. E a última coisa que o governo Temer quer é problemas nessa área. Uma eventual saída de Goldfajn do cargo por esse tipo de divergência seria um sinal absolutamente desastroso.
É por isso que muita gente espera um sinal inequívoco de Temer de que vai mesmo tomar as tais medidas duras.