Não é por acaso que Jair Bolsonaro está se recusando a responder as provocações de Geraldo Alckmin, evitando assim que o ex-governador de SP encarne o personagem do anti-Bolsonaro na disputa presidencial. Bolsonaro mandou dizer a Alckmin que ele o procure para debater quando chegar aos dois dígitos, mas trabalha para que isso não aconteça.
Bolsonaro sabe que há uma boa chance de que o eventual crescimento tucano se dê em cima de seus eleitores, no campo da direita, e tenta evitar isso com um esforço para se tornar confiável aos olhos do mercado e de parte do PIB – aqueles empresários que temem uma solução petista ou a la Ciro Gomes nas eleições e que, pelas leis da natureza política, estariam fechadíssimos com Alckmin se ele não estivesse rateando nas pesquisas.
Além do discurso de Paulo Guedes destinado a esse público, e do recuo nas posições sempre estatistas e nacionalistas que marcaram sua vida pública, o candidato do PSL está dedicando parte do seu tempo a encontros com grandes empresários. Na semana passada, por exemplo, reuniu-se com mais de vinte pesos-pesados do PIB do centro-oeste, que segundo interlocutores saíram satisfeitos com o que ouviram.
Acima de tudo, Bolsonaro quer se mostrar uma alternativa confiável para a direita do establishment econômico, que não quer nem ouvir falar da vitória de um candidato de esquerda. A esta altura, diante das dificuldades dos nomes do centro em crescer, vem sendo procurado por muita gente desse setor que já o vê como opção inevitável. Se Geraldo Alckmin começa a crescer e aparecer, porém, vai atrapalhar essa estratégia.