A decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, de anular a sessão que aprovou o impeachment caiu como uma bomba. O dólar sobe, a bolsa cai e os políticos parecem baratas-tontas. Quem está conseguindo manter a calma raciocina em torno das possibilidades. No momento, a principal aposta é de que dificilmente o processo contra Dilma Rousseff voltará à estaca zero na Câmara, como pode parecer à primeira vista. Entre recursos internos e ao STF, porém, vai se gastar tempo e poderá não haver troca de presidentes esta semana.
Assim como quase tudo o mais neste país, a decisão certamente vai parar no STF. Lá, onde há o entendimento de que as regras de tramitação e votação do impeachment estão seguindo a Constituição, dificilmente essa anulação radical será acolhida. É bem possível, portanto, que seus ministros discutam o assunto e autorizem que a tramitação seja retomada no plenário do Senado, voltando tudo à situação de hoje.
O maior problema dos defensores do impeachment, porém, é que tudo isso leva tempo – e nesse caso o tempo corre contra Michel Temer. No mínimo, uma semana de atraso, na visão mais conservadora.Se o assunto enrolar nos caminhos burocráticos e jurídicos, pode ser mais. Daí o pânico de muita gente.
O primeiro sinal do que poderá acontecer será dado hoje às 14 horas, quando o presidente do Senado, Renan Calheiros, deveria ler o parecer da Comissão Especial que aprovou o afastamento de Dilma. Se ele ler e tocar o processo adiante, mostrará que não está levando a decisão de Maranhão a sério. Se sustar a leitura, a semana estará perdida para Temer.
Duas impressões colaterais de quem sabe das coisas no Congresso: 1. Tem o dedo de Eduardo Cunha na decisão de Maranhão; 2. Waldir Maranhão terá vida curta na presidência da Câmara.