O assunto voltará ao plenário da Câmara na terça-feira e algum jeito eles vão dar de aprovar sua anistia. O que está em jogo agora é se ela será ampla, geral e irrestrita, como ficou nas últimas horas, ou se vai se circunscrever apenas aos casos típicos e comprovados de caixa 2 – deixando de fora os de corrupção e lavagem de dinheiro.
O que saltou aos olhos hoje foi o acirramento dos ânimos em torno do assunto, num clima que beira o confronto institucional. O berreiro dos procuradores da Lava Jato já era esperado, mas a nota do juiz Sérgio Moro caiu pesado no Legislativo. Sobretudo o trecho em que ele diz que a anistia a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro não impactaria apenas na Lava Jato, mas também na integridade e credibilidade do Estado de Direito e da democracia brasileira.
As palavras fortes de Moro foram respondidas em plenário por um agastado Rodrigo Maia, que disse que a Câmara pode votar o que quiser no cumprimento de sua função. Mas acabou adiando a votação para terça.
Não se pode dizer que há muito não se via tanta tensão no ar, já que os últimos meses foram de grande tensão no país. Mas a quinta-feira, 24 de novembro, terá sido um dia especialmente difícil para as instituições da democracia brasileira.
Até terça, será necessário que os bombeiros entrem em campo para acalmar os dois lados. O ponto de partida para o entendimento seria uma redução na amplitude da anistia, que ficaria restrita mesmo ao caixa 2, nos moldes conversados anteriormente com Curitiba, que chegou a concordar nos bastidores.
O que se pergunta hoje é se os políticos prestes a entrar na delação premiada da Odebrecht vão aceitar. Ainda teremos muita tensão pela frente.