Tem três letrinhas o nome da esperança de ex-aliados que estão no alvo do ex-deputado Eduardo Cunha: STJ. É lá, na quinta turma da Corte, que será julgado o mérito do habeas corpus impetrado por Cunha, que teve sua liminar negada em dezembro pelo relator Felix Fischer mas que pode ser acolhido pelo plenário. Não há data marcada para o julgamento, mas as articulações e conversas se intensificaram nos gabinetes dos três poderes. Uma decisão favorável à libertação de Cunha seria a última chance dos alvos de uma eventual delação premiada do peemedebista.
Impaciente, a cada dia o ex-deputado aperta mais o garrote em torno do pescoço de seus ex-aliados. Uma nova leva de perguntas impertinentes para a testemunha Michel Temer mostrou que ele e os mais próximos seriam os primeiros alvos. O que Cunha quer? Que o governo e o establishment político, com a ajuda de alguns aliados no STF, articulem uma decisão favorável no STJ, considerado um tribunal mais flexível e menos exposto do que o Supremo para esse tipo de decisão polêmica.
Nesse sentido, quem trabalha no asssunto não considerou totalmente negativa a decisão de semana passada do plenário do STF, que negou a libertação de Cunha com base em problemas formais do instrumento usado por seus advogados. Não entrou no mérito e praticamente indicou o caminho do STJ ao ex-deputado.
Há, portando, uma grande expectativa meios políticos quanto à possibilidade de Cunha sair da cadeia pelas mãos do STJ, que teria de antemão uma sinalização do STF de que não revogaria sua decisão.
Não se sabe ainda nem quando, é sobretudo nem como, o STJ cumprirá essa missão. Há muitos obstáculos pela frente, a começar pela pressão da opinião pública. Alguns de seus ministros não estão gostando dessa situação e criticam o STF pela tentativa de pedir esmolas com o chapéu alheio. É muito provável que a decisão só venha a ser tomada depois das manifestações pro-Lava Jato do dia 26 de março.
Até lá, Cunha vai apertando o laço.