Não há presidente interino que suporte 180 dias de pancadaria. Dilma e Lula a cada dia sobem mais o tom, e a estratégia dos aliados do vice Michel Temer é, a partir do provável afastamento da presidente em 11 ou 12 de maio, trabalhar para abreviar o processo e o julgamento no Senado. Lembram que seis meses é o prazo máximo dado pela Constituição.
Em tese, é possível. O julgamento de Collor durou exatos três meses. Teve o processo aprovado pela Câmara em 29 de setembro e foi julgado pelo Senado em 30 de dezembro, quando renunciou.
No caso de Dilma, porém, pessoas próximas a Temer dizem que vão tentar liquidar a fatura num prazo menor, entre 50 ou 60 dias. Temem o impacto de meses a fio de campanha de Dilma, Lula e do PT nas ruas e na imprensa internacional sobre um presidente interino, com todas as fragilidades de quem não foi eleito e não tem apoio popular. Segundo esse ponto de vista, é preciso tornar Temer presidente de fato e de direito o quanto antes – antes, por exemplo, que a onda pela realização de novas eleições cresça.
Falta, porém, combinar com os russos. No caso, Renan Calheiros e o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que vai presidir o julgamento de Dilma pelos senadores. Está na mão deles, que não têm poder de fogo para mudar a maioria contrária à Dilma na Casa mas podem jogar com o tempo, que traz sempre a possibilidade do imponderável.