Todo mundo sabe que a oposição, sozinha, com seus menos de 150 deputados, não faz verão. Sua estratégia de esvaziamento do plenário para procrastinar a votação da segunda denúncia contra Michel Temer só está dando certo porque tem o apoio de mais uns 50 integrantes da base governista, distribuídos entre os partidos do Centrão, o DEM e o PSDB (acompanhe ao vivo). Nesse grupo, porém, há diferentes razões e objetivos.
O Centrão quer o de sempre: mais dindim. Ou seja, cargos, emendas, obras, etc. Esse não é o caso nem do DEM e nem do PSDB. O ensaio de rebeldia do DEM, que deve ser estancado até o final do dia, é um recado de Rodrigo Maia a Temer. Mais ou menos na linha de mostrar quem vai mandar a partir de agora. É provável que o presidente da Câmara, um dado momento, peça a seus colegas ausentes para marcar presença e eles marquem. Pronto. Terá salvado Temer mais uma vez, mostrando ao mesmo tempo que quem tem a força é ele.
O PSDB vive sua crônica divisão e tudo indica que continua rachado meio a meio, como na votação da primeira denúncia. Mas mesmo no grupo supostamente governista há tucanos que consideram mais cômodo simplesmente não aparecer. Então, ali haverá ausências ausentes de verdade. Algumas delas poderão ser da bancada de SP, que votou contra Temer da primeira vez e agora está numa tremenda saia justa porque o governador Geraldo Alckmin, de olho em 2018, defendeu ontem publicamente a permanência do presidente da República.
Além desses interesses diversos, a estratégia das ausências foi bastante fortalecida por um erro elementar do próprio Planalto, que saiu fazendo ameaças de retaliação aos integrantes de sua base que votarem contra Temer. Irritados, esses deputados resolveram partir para a rebeldia total. Já que serão punidos mesmo, para que marcar presença?