Pode parecer nonsense dizer isso logo após a celebrada aliança com o Centrão, mas um dos melhores cabos eleitorais de Geraldo Alckmin hoje é o MDB de Henrique Meirelles. Pelo simples fato de continuar existindo e mantendo a candidatura do ex-ministro da Fazenda, que vai carregar o piano de ser o candidato do impopularíssimo Michel Temer, livrando Alckmin dessa pecha.
Na verdade verdadeira, se formos examinar com rigor, o candidato de Temer, tirando Meirelles da parada, seria Alckmin. Afinal, quem daria continuidade às medidas tomadas por seu governo na economia? O tucano. Quem agrada aos mesmos setores? O tucano. Quem tem a mesma base, o Centrão, que entrou esta semana na candidaturado PSDB sem sair da Esplanada? O tucano.
Aliás, Michel Temer teve papel fundamental na construção da aliança de Alckmin com os partidos do blocão ao ameaçar tirar de partidos como o PP, por exemplo, seu latifúndio ministerial e estatal se resolvessem apoiar Ciro Gomes. Ninguém gosta de dizer, mas o Planalto foi fundamental para o impulso que, ao que parece, viabilizou politicamente um candidato que parecia enfraquecido e desidratado. Temer esquentou a xícara de Nescau que Geraldo tomou.
Nessa coligação oculta, o MDB vai continuar ajudando muito ao confirmar Meirelles candidato na convenção e jogá-lo na campanha. Pronto, está lá o candidato do governo, deixando o do PSDB falar mal à vontade – embora, reparem, nem tanto assim, sem golpes abaixo da cintura que impeçam a adesão formal num segundo turno, se Geraldo chegar lá. Aí, estarão todos juntos, provavelmente contra o candidato petista.
O que pode dar errado nessa coligação branca? Geraldo Alckmin não crescer e, lá para setembro, o Centrão se bandear para Ciro Gomes ou Jair Bolsonaro.