Somente nas últimas horas, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, cortou duas cabeças – e não duas cabeças quaisquer. Ele demitiu ontem o presidente da Apex, Mario Vilalva, depois de esvaziar seus poderes e dar razão a diretores que o boicotavam. Hoje cedo, assinou a destituição do embaixador Sérgio Amaral da embaixada brasileira em Washington.
Tudo indica que Amaral, demitido antes da escolha de seu substituto nos EUA – um gesto inusitado – caiu depois de informações da imprensa de que estava num constrangedor limbo no cargo, já que já fora na prática destituído em delarações, mas lá continuava – o que é rigorosamente verdadeiro. Mas, como o Planalto não consegue resolver quem colocará em seu lugar, agora a principal embaixada brasileira no exterior ficará acéfala, nas mãos de um interino.
Os dois atos, atingindo diplomadas articulados no exterior, respeitados e com longa história no Itamaraty, deixaram o pessoal da Casa de Rio Branco com os cabelos em pé. Ainda que o atual chanceler pareça estar cada vez mais próximo da família Bolsonaro, outros setores do governo, como os militares, acreditam que não terá vida longa no cargo, tal o número de confusões em que se meteu.