BC insiste que sem controle fiscal fica difícil segurar a inflação

Na peleja surda entre os comandos da economia, Banco Central e Ministério da Economia, os brasilianos sofrem com os preços altos mesmo sem aumento real de renda

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, justifica a volta da carestia apontando para o descontrole de gastos governamentais - Foto: Orlando Brito

O Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem toda a razão de andar preocupado com o peso do aumento dos preços administrados e do endividamento público na execução da política monetária. O aumento generalizado dos preços subtrai o poder de compra da moeda e o descontrole fiscal reduz o efeito do aumento das taxas de juros na busca de uma inflação dentro da meta.

Roberto Campos Neto tem usado muitos argumentos nos últimos dias, em vários eventos públicos, alertando para a importância do controle fiscal, que depende do ministro da Economia, Paulo Guedes, e, igualmente, para as limitações que ele (o BC) tem no comando da política monetária. “A credibilidade é superimportante. Eu sempre dizia que o Banco Central não era o piloto, que o fiscal era o piloto. O fiscal é muito importante no momento para ganhar credibilidade e poder aumentar a transmissão da política monetária”, disse Campos Neto.

O presidente do BC diz ainda que se a instituição agir com credibilidade, mesmo em ambiente de juros altos, pode proporcionar melhoras nas condições de financiamento dos bancos para a população e as empresas. “Às vezes sobe os juros curtos, mas num movimento de muita credibilidade o que acontece é que juros longos caem”, disse, ao mencionar que, se a política fiscal também for confiável, isso ajuda a manter os juros de longo prazo sob controle.

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