Rudolfo Lago

Bolsonaro outra vez resolveu falar somente para os seus. Deu nova demonstração de que é com seu grupo original que ele se sente compromissado

Jair Bolsonaro é fruto dos movimentos de protesto que começaram na Copa das Confederações ainda no primeiro governo Dilma Rousseff. Deveria, portanto, ser o primeiro a identificar os efeitos dessas ondas de insatisfação

Desde que o Conselho de Controle da Atividade Financeira (Coaf) detectou que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio movimentou de forma suspeita R$ 1,2 milhão nas suas contas, o caso só ganha em gravidade

O mar onde Bolsonaro navega é de procela. O que não lhe falta são ondas gigantes. Ocorre, porém, que boa parte dessa confusão é responsabilidade dele mesmo. Ou dos candidatos a Netuno que ele carrega ao lado, agitando seus tridentes nas redes sociais

Bolsonaro almoçou com a cúpula militar e combinou-se jogar água fria na fervura para acabar com a brigalhada. Mas, nas redes sociais, militares já combinavam chamar os ataques do dublê de filósofo e astrólogo Olavo de Carvalho de "favelagem"

Não foi a primeira e certamente não será a última vez que o governo declara que fará uma coisa e recua depois. Essa tem sido uma rotina. Talvez faça parte de uma estratégia, dentro desse novo formato estranho de comunicação via redes sociais, que ainda muito espanta e precisa ser melhor estudado

Mourão conhece as características do barril de pólvora venezuelano. Sabe que o país está cindido ao meio desde que Hugo Chávez ascendeu ao poder. Sabe também das dificuldades de uma rebelião popular mais sólida em um país com grande concentração populacional nas grandes cidades, como Caracas. Nas regiões mais isoladas, mais pobres, os governos chavistas mal ou bem melhoraram as condições de vida da população

Quatro meses depois da posse, vão caindo alguns mitos construídos na campanha em torno do "Mito". Um deles é quanto à autonomia que seria dada a determinados ministros, especialmente Paulo Guedes, o "Posto Ipiranga" da economia

Mesmo sendo fator de crise permanente, Carlos Bolsonaro continuará no comando das redes sociais do presidente Bolsonaro. Ele diz tudo o que o pai gostaria de dizer, mas não pode em função do cargo