Almir Pazzianotto

Quem acompanhou a trajetória política de Lula, deve ter constatado a visão míope que nutre sobre economia, ideologia liberal, comércio internacional, regime de livre iniciativa, tudo empacotado e reduzido ao assistencialismo.

O Brasil é o país da insegurança jurídica. Isso explica a elevada quantidade de ações na Justiça do Trabalho, o receio do empregador contratar, o contínuo processo de desindustrialização e a constante queda do desenvolvimento econômico.

Os acionistas controladores das Americanas devem buscar resolver o impasse mediante acordo desembolsando R$ 24 bi. Cada um arcará com R$ 8 bi. Para eles, são valores razoáveis. Quanto aos salários, tratem de pagá-los pontualmente.

Ao relembrar as grandes greves promovidas pelo PT e pela CUT do final dos anos 70 até 2002, quando Lula ganhou a primeira eleição, o autor questiona se o presidente da República é o dos discursos de campanha, ou o das greves selvagens do passado

José Sarney governou sem revanchismo, sem ódio, sem caças às bruxas, cujo único objetivo consistiu no trinômio democracia-pacificação-reconstrução. Espero que Lula e o PT, ainda que tardiamente, tenham aprendido a lição.

Lula recebe o país em meio a uma crise que se avoluma há 34 anos. São 33 milhões de famintos, 50 milhões na linha da miséria, alta do desemprego, desindustrialização, inflação, falta de moradias, crise na educação, insegurança jurídica e muitos outros problemas. Um caminhão de batatas boas e podres.

O julgamento dessa ação, em qualquer sentido, provocará reflexos nas relações individuais e coletivas de trabalho.

A briga interna da Fiesp parece ser reflexo da divisão político-ideológica que o Brasil vive. Uma lástima no momento de grave dificuldade pelo qual a indústria brasileira atravessa. Para vencê-lo é preciso lucidez, competência e unidade.

Para cumprir a Constituição, o futuro presidente da República precisa regulamentar vários artigos da Carta Magna, alguns como a proteção do trabalhador contra demissão sem justa causa e o salário-família, esquecidos por todos os governantes até agora.