Do jeito que vai, os ministros do STF não terão mais o respeito de ninguém. Nem podemos criticar quem os ataca. Por que devemos dar para aquele tribunal um tratamento que nem seus próprios ministros lhe oferecem? Por que considerar e tratar bem seus ministros, se eles mesmos se destratam? O Supremo virou uma arena de embate pessoal. Estamos diante de um coliseu ou de um ringue de MMA.
Derrotado na votação do julgamento da condução coercitiva, o ministro Barroso, despeitado diz que se trata de “uma nota de pé de página” e acrescenta: “não acho essa mudança relevante”. Mas se não tem importância, como pode se justificar a afirmação seguinte: “foi mais uma manifestação simbólica daqueles que são contra o aprofundamento das investigações”.
E vai adiante: “foi um esforço, em alguma medida, para atingir e desautorizar simbolicamente juízos corajosos que estão ajudando a mudar o Brasil”. Se for verdade e não um arroubo de derrotado, a decisão do tribunal se enquadra em OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA. Se o juiz Barroso quisesse ser consequente, ele deveria pedir, imediatamente, a abertura de um inquérito contra os seis ministros que venceram a votação. Talvez qualquer juiz o faça ou um procurador ou policial federal também, como Barroso, insinue indícios. Aí, tem?
Em tempos passados, o ministro Gilmar saiu-se com esta: “O Barroso que não sabe o que é alvará de soltura, fala pelos cotovelos. Antecipa julgamento. Fala da malinha de rodinha. Precisaria suspender a própria língua.” Barroso contestou: “Sou um juiz independente, que quer ajudar a construir um País melhor e maior. Acho que o Direito deve ser igual para ricos e para pobres, e não é feito para proteger amigos e perseguir inimigos”.
Alguns anos atrás, Gilmar participou de um debate com o ex-ministro Joaquim Barbosa pouco construtivo para a imagem do tribunal. Durante o bate boca, Joaquim atacou: “vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro.” E foi adiante: “quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso”. Gilmar riu e bradou: “Ministro Joaquim, vossa excelência me respeite!” Joaquim continuou: “sua tese deveria ter sido exposta em pratos limpos”. Gilmar retrucou chamando seu colega de gazeteiro: “ela foi exposta em pratos limpos. Eu não sonego informação. Talvez Vossa Excelência esteja faltando às sessões”. E por aí foi: “eu estava de licença”, “vossa excelência falta a sessão e depois vem…”, “Eu estava de licença do tribunal”, “vossa excelência não tem condições de dar lição a ninguém” …
Como se pode ver, são verdadeiras bandalhas em um tribunal que se pretende superior. Há outros exemplos, mas não vou cansá-los. Afinal, todos devem ter tomado conhecimento pela mídia. Alguns de vocês devem ter assistido ao vivo pela TV Justiça. Os ministros parecem que não têm pudor de xingar-se. Acham que latindo vão ganhar alguma causa ou fortalecer sua imagem própria. Se desrespeitam e querem respeito.
Acho que a TV Justiça poderia criar um programa, com FARTO MATERIAL e que promete ser de grande audiência: SETE HOMENS E UM DESTINO ou ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ ou MATAR OU MORRER ou ERA UMA VEZ NO STF ou CONSCIÊNCIAS MORTAS. Para quem não gosta de peças do velho oeste poderia ser um policial: DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA ou CLUBE DA LUTA ou OS INTOCÁVEIS ou ERA UMA VEZ NO STF ou PAIXÕES EM FÚRIA. Poderia ser suspense, comédia, épico ou romântico.
Atores não faltam. Parece que agora eles vão encenar uma série sobre importantes peças institucionais: O TABELAMENTO DO FRETE e O TABELAMENTO DOS COMBUSTÍVEIS.