Aqui e alhures, montar ou reformar uma equipe ministerial é um processo que sempre costuma resultar em um desenho final diferente do esboço original.
Vale tanto para a costura, no auge do poder, de equipes bem cacifadas, ou em governos com cara de fim de feira, como o de Michel Temer.
Valorizadas ou xepas, canetas estatais, com muita ou pouca tinta, sempre são mercadorias disputadas. Até por quem as desdenham.
Depois de uma intensa troca de bicadas, os tucanos concordaram em sair do governo. A discussão passou a ser por qual porta. Para os cabeças pretas de Tasso Jereissati o melhor seria sair batendo a porta. Aécio Neves prefere uma saída pela porta da frente.
Nada disso importa para quem disputa as vagas a serem abertas pela envergonhada debandada tucana. A mais cobiçada delas, o Ministério das Cidades, depois da demissão de Bruno Araújo, entrou na roda.
Os operadores do Palácio do Planalto tentam convencer os insaciáveis chefes do Centrão a dividir esse butim. Uns querem recebe-lo inteiro, outros aceitam pedaços do que consideram filé eleitoral.
Querem bem mais. Tirar o tucano Antonio Imbassahy da Secretaria de Governo, responsável pela Articulação Política, já é tido como fava contada, mesmo que ele mude de ninho e migre para o PMDB. Não estão nem aí se Temer quiser manter Aloysio Nunes Ferreira no Itamaraty, em sua cota pessoal.
O cargo da desastrada tucana Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, virou apenas moeda de compensação para uma turma que valoriza gabinetes oficiais, carro preto com motorista e voos em aviões da FAB.
O que eles querem mesmo são os comandos de outras máquinas eleitorais. Daí a ideia de antecipar a saída de quem pretende disputar eleições ano que vem. Assim, eles também põem na roda ministérios gordos como Educação, Saúde, Agricultura….
Temer havia sondado alguns ministros sobre a possibilidade de antecipar de abril para janeiro a saída de quem vai disputar as eleições. Nem todos gostaram.Romero Jucá, agora, acena com a troca imediata de 17 dos 28 ministros. Mero balão de ensaio.
Não decolou.
Na noite da quarta-feira (14), ministros e líderes de partidos começaram a reagir. Entre eles, Moreira Franco era apontado como o autor da ideia.
Como diz o ditado, filho feio não tem pai.
Moreira Franco sentiu um ardido nas orelhas e tratou de se desvincular da proposta. “Foi Aloysio Nunes que propôs ao Presidente da República. Ideia útil ao país, nem tanto ao governo”, escreveu Moreira em sua conta pessoal no Twitter.
Abreviar a reforma ministerial, quando ainda não se avaliava a sua extensão, já provocava muxoxos na Esplanada dos Ministérios. Quando os ministros com pretensões eleitorais, exceto Henrique Meirelles, perceberam que poderiam passar o Natal longe das benesses do poder, resolveram reagir.
Por alguns motivos. Uns por entenderem que, se ficarem até abril, terão mais proveito eleitoral. Outros por não quererem ficar expostos desde já à Lava Jato.
A conferir.