Pode-se até discutir o preço, mas não dá para não reconhecer que o governo Michel Temer passeia no plenário da Câmara dos Deputados. Em seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff tomou ali surras homéricas, mesmo depois de arrastadas negociações. Até agora, Temer e sua articulação política estão mostrando agilidade e conseguindo bons resultados em tempo recorde.
Na madrugada dessa quinta-feira (2), a prorrogação de uma proposta anabolizada de Desvinculação de Receitas da União (DRU) foi aprovada, em primeiro turno, com relativa tranquilidade. Ela estabelece um aumento de 20% para 30% dos recursos desvinculados, estende a DRU até 2023 e autoriza Estados, Distrito Federal e municípios a fazer o mesmo. No caso da União, com efeito retroativo a 1.o de janeiro de 2016. Na primeira medição de forças na Câmara, a base de Temer derrotou a nova oposição por goleada — 334 votos a 90.
Como antecipou Helena Chagas, o aval de Temer para a aprovação de um pacote de bondades com reajustes salariais para todos os poderes públicos pavimentou o caminho. Seu custo já estava embutido na nova meta fiscal. Como sempre, a conta vai ser paga pelo contribuinte.