Antes mesmo de existir, a base do governo Michel Temer na Câmara dos Deputados está em crise. Nem é pelo rateio de cargos que, supostamente, assegura lealdades. O drama, que atormenta o Palácio do Jaburu, continua sendo Eduardo Cunha. Mais precisamente, quem colocar em sua cadeira na Presidência da Câmara. A aposta das oposições, forçar uma declaração de vacância do cargo, deu em nada. Além da falta de respaldo regimental, não teve o apoio de Eduardo Cunha, o principal avalista de sua própria sucessão.
Sem o OK de Cunha, nada se mexe na Câmara. Até agora, ele insiste que, no seu afastamento, quem deve substituí-lo é o deputado Waldir Maranhão (PP-MA), Primeiro Vice-Presidente da Câmara. Na mais benéfica avaliação, Maranhão é um novo Severino Cavalcanti. Sua investigação na Operação Lava Jato é pública e notória.
Como revela o repórter Rodrigo Rangel, no site da revista Veja, entre outras estrepolias, Maranhão foi parceiro do Fayed Traboulsi, há décadas doleiro preferencial dos mais variados esquemas políticos e protagonista de alguns dos maiores escândalos de Brasília. As gravações mostram que, a exemplo de Severino, Waldir Maranhão é chegado a um mensalinho. Pelo que ali se mostrou, seu piso é R$ 10 mil.
O dilema do entorno de Michel Temer é como sair dessa arapuca, sem rachar a sua base governista. Na noite desta segunda-feira (9) está marcada uma pajelança das lideranças na Câmara, alinhadas ao novo governo, para decidir o que fazer. Vão ter que decidir sobre uma questão bem clara: Eduardo Cunha continua dando as cartas ou os deputados darão um novo rumo à Câmara dos Deputados. A resposta destrava a montagem do Governo Michel Temer e, ao mesmo tempo, pelo bem ou pelo mal, aponta seu futuro. Vence quem tiver o apoio de Temer. Difícil, mas simples assim.