Sem a força do marketing, pesquisas viram bússola insegura nas eleições

Vender esperança sempre foi a melhor arma eleitoral, o beabá de toda e qualquer disputa decidida pelo voto. O sucesso em megas campanhas eleitorais, bancadas por alguma grana limpa e muito dinheiro sujo, transformou talentosos marqueteiros, pagos a preço de ouro, em verdadeiros magos aqui e alhures.

As investigações da Lava Jato e de outras operações no Brasil e em paraísos fiscais mundo afora rastrearam o caminho do dinheiro que financiou essas produções hollywoodianas. Dutos foram fechados.

Nessas eleições, marqueteiros perderam o protagonismo. A campanha até aqui de maior sucesso, a de Jair Bolsonaro, nem marqueteiro tem. Quem toma algumas pancadas são os profissionais que, sem sucesso, desperdiçam um latifúndio de tempo no rádio e na tevê, e não conseguem alavancar a campanha de Alckmin.

Curioso é que nem são eles que estão na berlinda. No partido, entre aliados, gente que atuou em outras campanhas de Alckmin, todos atribuem os erros de direção e percurso ao próprio Alckmin. O mínimo que se ouve é que ele é provinciano, em outros tempos, com outros resultados, até poderia ser elogio.

Embora com desempenhos variados, não há reparos à condução das campanhas de Henrique Meirelles, Ciro Gomes e Fernando Haddad. Sem os estrelismos de outrora, quem está tocando parece dar conta do recado.

Sem as mágicas tiradas da cartola na farra de marqueteiros, que se refletem na redução do impacto nas campanhas da própria tevê, sobram as pesquisas eleitorais para preencher o vácuo entre campanhas algo vazias e os resultados das urnas.

É nesse universo que especialistas, jornalistas, palpiteiros em geral se debruçam.  A cada resultado, pipocam prognósticos. Impressiona porque há apurações com variadas metodologias, cada uma vendendo seu peixe, que confundem os resultados.

Mesmo os institutos tradicionais, com destaque para Datafolha e Ibope, têm errado muito em outras eleições. Mas continuam ferramentas importantes, às vezes decisivas, no jogo eleitoral. Mauro Paulino e Márcia Cavallari viraram estrelas em sua tradução na tevê.

A bola da vez é o Ibope presidencial. A queda da expectativa de voto de Bolsonaro em variadas projeções para o segundo turno virou destaque. Os tucanos, por exemplo, a atribuíram às pancadas que têm desferido. Pelo Ibope, ele caiu no Sul, justamente onde continua o mais forte.

Mesmo  cruzando os dados de lá com os de outras regiões — Bolsonaro cresceu em todas as outras — não houve nenhuma explicação para essa queda de súbita de uma semana para outra. Foi o começo de uma derrocada ou um ponto fora da curva. A conferir no Datafolha ou no próximo Ibope.

O fato é quando se fatia as apurações as estratégias de campanha e as projeções eleitorais ficam mais complicadas. O que se esperava na pesquisa do Ibope, depois da blitz de todos os candidatos em São Paulo e do fogo cerrado dos tucanos contra Bolsonaro, é que ele perdesse fôlego no Estado, maior reduto eleitoral do país. Foi o único que cresceu por lá.

Por mais que se tente adivinhar o resultado, o jogo continua imprevisível.

A conferir.

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