Renan parte para o ataque para disfarçar pavor com a Lava Jato

Renan Calheiros. Foto Orlando Brito

No meio da tarde dessa quarta-feira (30) rolava um zum zum zum no Cafezinho dos senadores: Renan Calheiros estava aprontando alguma surpresa. De maneira discreta, ele ouvia senadores, fazia consultas a assessores, enfim, preparava o terreno.

Algumas horas depois, revelou o jogo. Queria votar nessa mesma noite o monstrengo aprovado na madrugada pelos deputados, fazendo uma lambança no pacote de medidas anticorrupção apresentadas pelo Ministério Público, com apoio popular.

Nem todas mereciam ser aprovadas. A recompensa por denúncia, por exemplo, não parece uma boa medida para os padrões nacionais. Mas tirar o Ministério Público dos acordos de leniência, amordaçar juízes, livrar servidores públicos de punição pelo crime de enriquecimento ilícito, e manter regras de prescrições para favorecer a impunidade de corruptos poderosos foram algumas das mudanças aprovadas.

Só cederam, a contragosto, na anistia ao caixa 2. Sabe-se lá até quando. Se enxergarem alguma brecha, vão tentar de novo. Estão apavorados com as novas delações sobre como até aqui se comprou políticos no varejo e no atacado. Temem delações como a do batalhão de executivos da Odebrecht.

Nesse cenário de fim de festa, por mais que tente disfarçar, Renan está apavorado. Nem é pela possibilidade de se tornar réu já nessa quinta-feira no Supremo Tribunal Federal. Ele responde ali pela acusação da empreiteira Mendes Júnior pagar pensão à mãe de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.

Mesmo que a maioria dos ministros tenha decidido que réu não pode presidir o Senado, um pedido de vista ainda o manterá no cargo.

O que atormenta Renan é a Lava Jato. É aí que a porca pode torcer o rabo. São várias frentes de pesadelo. Além de mais de uma dezena de inquéritos no STF, procuradores, delatores e até adversários políticos dizem que o arsenal contra ele é simplesmente devastador.

Daí o sufoco de Renan. Nessa tentativa desesperada de escapar dessas investigações, — ao disfarçar sobre para o que pedia urgência –, na melhor das hipóteses tratou seus colegas de Senado como massa de manobra. Não deu certo. Perdeu de goleada.

Renan é craque em vários jogos políticos. Mas na feitiçaria em votações ainda tem muito a aprender com Romero Jucá. A dúvida é se terá tempo. A conferir.

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