Renan compra e vende lote na lua para ajudar políticos e empresários

Renan Calheiros.
Renan Calheiros.

Renan Calheiros atira para todos os lados. Age como se, no tempo e no espaço, tivesse poder para comprar tantas e variadas brigas. E alguma chance de vencê-las.

Quase ninguém o enfrenta, apenas, dia a dia, viram mais uma página no calendário de sua despedida do cargo. Ele tem mais um mês de poder. Acuado pelas investigações, esperneia. De repente, criou uma agenda para fazer uma revolução nesses 30 dias. Um espanto.

Pôs no mesmo cesto coisas boas como um freio na farra de salários com dinheiro público, calcanhar de Aquiles do Judiciário, uma aberração nas justiças estaduais. Incluiu também uma proposta contra abuso de autoridades públicas, outra boa ideia se não fosse o viés para atrapalhar investigações e beneficiar os pilantras de sempre, hoje alvos da Operação Lava Jato.

Renan estimula parceiros na Câmara a aprovarem a anistia a quem se lambuzou no Caixa 2 e ao projeto de leniência para empresas que as livram de julgamento penal, outra borracha na corrupção generalizada. Garante o referendo do Senado.

Por mais que a maioria dos parlamentares tenha a mesma intenção dele, Renan vende lote na lua. Ele está irritado por não conseguir substituir Romero Jucá na relatoria do projeto sobre abuso de poder. Chegou a chamar seus parceiros de covardes por não aceitarem a incumbência.

O reinado de Renan termina daqui a um mês. Aí, o Senado entra em recesso. Volta para eleger o novo presidente do Senado. Se não houver uma hecatombe, o escolhido será o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Rodrigo Janot, procurador-geral da República, já pediu ao Supremo Tribunal Federal a prisão de Renan Calheiros. Ainda não conseguiu. Janot se declarou impedido de pedir uma abertura de inquérito para apurar suposta propina recebida por Eunício Oliveira.

Os Divergentes tentaram entender o critério adotado para essa excepcionalidade nos dois lados. Tanto pessoas próximas a Janot como de Eunício dizem não terem entendido nada.

Com a palavra, Rodrigo Janot. Diz porque está impedido de investigar Eunício Oliveira. É o mínimo que se espera de alguém que é a ponta de lança na luta contra a corrupção no país.

 

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