PT pede cheque em branco para o Haddad que escondeu na campanha

Fernando Haddad chega a reta final da eleição como candidato ainda em crise com a própria identidade. Ele decolou no primeiro turno escondido por uma máscara de Lula, exibida à exaustão, em meio a uma disputa interna com Gleisi Hoffmann sobre quem era o preferido do ex-presidente da República, preso por corrupção e lavagem de dinheiro em Curitiba.

Por mais méritos que tenha, no mundinho petista, Haddad sempre foi tratado como um mero pião no jogo. Era visto como um coxinha que por acaso jogava no time do PT. Como o titular Lula foi barrado, ele entrou em campo, mesmo a contragosto dos chefes da torcida,  e aí não tinha como não apoiá-lo.

A candidatura Haddad é um paradoxo em si. Nunca encantou a burocracia que manda no partido e ficou no hora a ver no tradicional eleitorado petista, já decepcionado com o mergulho do partido no pântano da corrupção.

Mesmo com tantas contradições, o PT apostou num suposto bilhete premiado que era enfrentar a “besta-fera” Jair Bolsonaro no segundo turno, sparring ideal de todos que largaram na corrida presidencial.

Erro grosseiro de avaliação. Lula acostumou o PT a achar que seus pecados, por mais graves que sejam, sempre seriam perdoados pela desculpa de que foram cometidos junto com sua defesa dos mais pobres. Por essa ótica, pouco importa se foram praticados em parceria com os mais ricos para afanar os cofres públicos. Puro ouro de tolo.

Aí entra Haddad em cena. Quer dizer, nem entra. Foi escalado como figurante em uma campanha que tinha como objetivo defender Lula, condenado em duas instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro. Por ordem de Lula, que só enxergava o próprio umbigo, o PT simplesmente ignorou as alternativas para derrotar a crescente raiva popular que não queria a volta do partido ao poder. Uma avenida, na falta de juízo, aberta para Bolsonaro.

Mesmo alertado sobre isso, em momento algum, Lula abriu espaço para alguma alternativa. Como sempre, desde seus tempos de sindicalista, sua preocupação foi fechar toda e qualquer possibilidade de alguma sombra. Lula sempre quis reinar sozinho. Faz isso com tanta competência que cegou até gente bem informada que não consegue enxergar seus defeitos.

Seus devotos, ainda que preguem uma virada, atribuem a provável derrota eleitoral ao candidato Haddad e à manipulação dos eleitores por intermédio das redes sociais. Zero de autocrítica. O desempenho de Haddad e o chumbo trocado nas redes sociais repetem o jogo de sempre atribuir seus próprios fracassos a outros.

Pior do que perder é perder fingindo não saber porque.

A conferir.

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