Com Lula no olho do furacão, o PT entrou em parafuso. Quem ali defendia seguir as regras do jogo jurídico, com a apresentação em inquéritos e processos de argumentos com alguma consistência, simplesmente foi atropelado.
A cada malfeito atribuído a Lula, nas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, e até em apurações jornalísticas, o padrão foi desqualificar as suspeitas e as denúncias.
A régua foi a popularidade de Lula. Enquanto ela estivesse em alta, líder nas pesquisas sobre a corrida presidencial, avaliavam que nada de negativo colaria nele.
Assim, usaram e abusaram, inclusive como estratégia judicial, da narrativa de que Lula é vítima de uma gigantesca conspiração de policiais federais, procuradores da República e juízes, estimulada pela imprensa.
Até agora, por exemplo, Lula se recusa a explicar os favores de grandes empreiteiras no tal sítio em Atibaia. Ele sempre saiu pela tangente, mas, na entrevista a Mônica Bergamo, simplesmente fugiu da raia.
Depois de dar errado na jurisdição de Sérgio Moro e na segunda instância em Porto Alegre, em que os frágeis argumentos de perseguição foram demolidos por sentenças impecáveis, o PT e o entorno de Lula deram sinais de que haviam aprendido a lição.
Tiraram de campo o time liderado por Cristiano Zanin Martins, genro do compadre Roberto Teixeira, sogro que está na estranha posição de defensor de Lula e investigado pela suspeita de ser cúmplice em maracutaias.
A nova equipe, de muito melhor gabarito, tem na linha de frente craques como Sepúlveda Pertence e Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, e José Sarney na armação.
Apesar da derrota por goleada de 5 a 0 no Superior Tribunal de Justiça, a nova escalação esperava sucesso no Supremo Tribunal Federal. A meta é obter, de um jeito ou de outro, alguma decisão que possa barrar a sentença do TRF-4 de mandar Lula para a cadeia.
Nem bem começou a evoluir — apesar das dificuldades em convencer Cármen Lúcia a pautar alguma das alternativas para livrar Lula da prisão -, com a habilidade habitual a senadora Gleisi Hoffmann embolou o jogo. Presidente do PT e também alvo da Lava Jato, ela ressuscitou a fracassada tática de pôr a faca no pescoço da Justiça.
Foi uma ação tão desastrada que até a carta na manga para evitar a prisão de Lula subiu no telhado.
Por esse script, se tudo falhasse, Ricardo Lewandowski forçaria o julgamento pelo plenário do STF de dois habeas corpus em que é relator, pondo em votação manter ou não a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância.
De acordo com a repórter Maíra Magro, do Valor, na sexta-feira (9), Lewandowski confidenciou a interlocutores que não vai usar esse expediente para atropelar Cármen Lúcia.
A conferir.