O que mais exaspera na nossa política é a sua obviedade. Sempre que flagrados, nos mais variados malfeitos, seus protagonistas culpam o palco, o enredo e até o público. Menos seus próprios personagens.
Daí se sentirem a vontade para passar a perna nos eleitores e até surrupiarem os cofres públicos, sem nenhuma culpa. Atribuem todo e qualquer deslize ao funil de um jogo político defeituoso como se também fossem vítimas dele.
Nos palanques, nas entrevistas, e até nos exclusivos Cafezinhos de deputados e senadores, todos criticam o modo de se eleger e de fazer política no Brasil. O que se ouve da esquerda, centro, direita, de demagogos de todos os matizes, é uma rara unanimidade de diagnóstico: o que está aí, faliu.
São unânimes até na mesma receita para essa enfermidade, a de sempre, a reforma política.
Há tempos o país assiste a essa conversa fiada. Salvo exceções, deputados e senadores e outras lideranças políticas só fingem querer mudanças.
O que está aí, e faliu, serve ao mesmo tempo para elege-los, enriquece-los, e protege-los das censuras e das punições legais.
Só topam trocar por outra proteção igual.
O resto é jogo de cena.
A conferir.