Quem tem o mapa da mina de cargos do governo federal? Desde o tiro no pé dado por Dilma Rousseff, ao entregar a articulação política a Michel Temer, é o PMDB. Fiel escudeiro de Temer, Eliseu Padilha registrou, em suas famosas planilhas, o QI (Quem Indicou) para todos os cargos de interesse político na administração federal.
Esse mapa foi de grande utilidade no processo de impeachment e mantém sua serventia na gestão pelo Palácio do Planalto de sua base parlamentar. Esse manejo é feito a partir do cruzamento dos dados do mapa de cargos com as planilhas sobre a liberação, a pedido de parlamentares, de cada centavo pelos cofres da União.
Michel escalou para tomar conta da articulação política outro fiel escudeiro, Geddel Vieira Lima, abatido em pleno voo por causa do escândalo com o espigão de Salvador.
Desde então, o cargo está vago. Escolhido para a vaga de Geddel, o tucano Antonio Imbassahy continua no sereno. A turma do Centrão dificulta sua nomeação, em busca de compensações.
Como quem não quer nada, o PMDB da Câmara continua a fazer aparentes gestos de desprendimentos. Mesmo sendo a maior bancada, não entrou no páreo pela Presidência da Câmara. Em nome da harmonia na base, diz se contentar com a primeira vice-presidência.
Embora lamente a perda do cargo, o PMDB aceita Imbassahy no comando da articulação política do governo. Quer apenas continuar gerindo o varejo da relação com os parlamentares, o que no governo Dilma ficou conhecido como Posto Ipiranga.
A repórter Júnia Gama, em O Globo, conta que o PMDB costura um acordo para manter nos cargos a Secretária Executiva do Ministério, Ivani dos Santos, e o chefe de gabinete Carlos Henrique Sobral. Ivani foi assessora de confiança de Geddel desde os tempos em que ele era deputado federal. Carlos Henrique foi assessor especial de Eduardo Cunha.
Ou seja, o PMDB quer manter na gestão do mapa da mina gente de sua confiança no Palácio do Planalto. A dúvida é se os tucanos vão topar.