Por esperteza ou prudência, caciques políticos costumam terceirizar acertos que envolvem grana. Mas há os que preferem por a mão na massa. São os que avaliam que vale correr o risco se o prêmio for manter as rédeas do negócio nas mãos. Valdemar Costa Neto, dono do PR, é um deles.
Seus adversários em Mogi das Cruzes dizem que ele cresceu no colo de Paulo Maluf. Seu pai, Valdemar Costa Filho, quatro vezes prefeito de Mogi, de fato foi parceirão de Maluf. O filho começou seguindo os passos do pai, depois buscou voos mais ousados.
Numa roda de deputados, antes de ser preso e cassado, Maluf surpreendeu os colegas ao se referir a Valdemar Neto: “Esse rapaz superou todos os limites”. Ficou a dúvida se era apenas censura ou alguma ponta de inveja.
Valdemar não está nem aí. Faz de conta que não se importa com denúncias, processos e condenações. Já cumpriu pena pelo Mensalão. Tem o couro curtido. Trata o PR como um negócio particular, cujo sucesso passa por remunerar bem os acionistas e os investidores. Assim, ele cuida pessoalmente dos acertos regionais e das grandes tacadas nacionais. É nessa condição que ele está no centro da confusão que implodiu em Brasília a candidatura do correligionário Jofran Frejat, líder disparado nas pesquisas eleitorais para o Governo do Distrito Federal, que anunciou a desistência de concorrer e se diz assustado com o apetite dos aliados.
Enquanto põe preço em alianças Brasil afora, Valdemar se tornou noiva cobiçada na sucessão presidencial. Nas últimas semanas, Lula e Bolsonaro travaram uma intensa disputa pelo passe do PR de Valdemar. Além do tempo na tevê, no seu caso vital, Bolsonaro ainda sonhava em ter o senador Magno Malta como vice, um abre-alas no eleitorado evangélico. Como não deu certo, a derradeira opção de Bolsonaro será uma chapa verde-oliva com o general da reserva Augusto Heleno como vice e pouquíssimo tempo na tevê.
Mesmo fora do páreo, barrado pela Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em segunda instância, Lula se empenha em montar uma chapa competitiva para concorrer ao Palácio do Planalto. Deve indicar Fernando Haddad como seu substituto e também cuida da escolha do vice. Seu preferido é o empresário Josué Gomes – filho do seu cultuado vice José Alencar.Josué faz parte do cacife posto na mesa por Valdemar e é também é sonho de consumo de outros presidenciáveis.
Ele aproveitou o assédio da turma de Lula e de Bolsonaro para abrir oportunidades para outros investidores. Ciro Gomes e Geraldo Alckmin entraram no páreo.
O candidato de Lula, Bolsonaro, Ciro e Alckmin vão discursar na campanha contra a corrupção política, a compra de votos, as alianças espúrias.
Cada um deles espera fazer tudo isso de braços dados com Valdemar.
A conferir.