Lula continua sendo apresentado pelo PT ao público em geral como alguém quase infalível. Tudo que aparece contra ele é desqualificado, às vezes antes mesmo de ser verificado.
Com Michel Temer e adversários tucanos em baixa, ao conseguir algum fôlego nas pesquisas, Lula se sente à vontade para sassaricar dentro e fora do PT.
Com resultados diferentes.
Está desenvolto aqui fora, animando aliados e pondo uma pulga na orelha de adversários.
Nas internas petistas, onde sempre bailou, parece ter atravessado o samba.
Quando a turma mais à esquerda assanhou em pular fora do barco, Lula se mexeu para manter todo mundo na mesma nau.
Uma de suas jogadas foi estimular o senador Lindbergh Farias a concorrer à presidência nacional do PT. Assim, segurou a esquerda. Com o apoio da colega Gleisi Hoffmann, Lindbergh foi à luta.
Era para ser um mero coadjuvante. Cresceu a ponto de inviabilizar as opções dos burocratas que há décadas comandam a máquina petista.
Lindbergh é um outsider no PT. Dizem ali que ele joga para si mesmo.
Mesmo assim, teria virado fenômeno eleitoral na militância petista.
Lula resolveu pôr ordem na casa. Escolheu Gleisi Hoffmann, mesmo a contragosto de aliados, como candidata de consenso.
Comunicou Lindbergh sobre a decisão. Ouviu que ele já não tinha como recuar, sem frustrar seus apoiadores, pelo menos a curto prazo.
Lula deu um prazo para ele sair fora do páreo.
O problema é que, mesmo contra Gleisi, parceira até agora, dirigentes do PT aliados a Lula avaliam que Lindbergh entra no páreo com o apoio de pelo menos 40% das bases petistas.
Com toda uma histórica fidelidade, eles avaliam que Lula agora errou na mão. Dizem que bancou uma operação Tabajara.
No mundo petista, isso é no mínimo uma heresia.
A conferir.