Otto Lara Resende talvez tenha sido o melhor frasista de uma geração que moldou o jornalismo moderno no Brasil. Produziu pérolas na categoria perco o amigo, mas não a piada.
Essa vocação de chutar, com classe, o pau da barraca fez dele uma das boas inspirações para quem, em qualquer tempo, olha a política brasileira.
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Pensei em sacadas de Otto ao ver a romaria ao hospital Sírio-Libanês para abraçar Lula pela morte de sua mulher, Marisa Letícia.
Ali, Lula, Fernando Henrique e Michel Temer reconheceram, mais uma vez, que precisam conversar. Ao pé da letra, uma bela notícia para o país: criar um clima em que se diverge na política só pelas ideias.
Li as matérias, olhei com cuidado as fotos, frases de Otto Lara Resende tumultuaram as cenas. “Abraço e punhalada a gente só dá em que está perto”.
Otto não poupou nem Minas Gerais, berço da melhor esperteza política. Uma de suas mais polêmicas frases é de que “o mineiro só é solidário no câncer”. Outra é de que “a tocaia é uma contribuição de Minas à cultura universal”.
Às vezes, o fígado não aguentou e ele foi mais explícito: “Política é a arte de enfiar a mão na merda”.
O que Lula, Temer e Fernando Henrique ainda têm em comum?
Temer é a pinguela do PMDB para o país chegar a 2018. Lula é o derradeiro suspiro do PT em extrema unção. FHC pode ser o sobrevivente do naufrágio tucano na Lava Jato.
Duas coisas podem uni-los. Uma saída para o país, o que seria exemplar. Ou a tábua de salvação para não se afogarem, junto com aliados, no buraco negro da corrupção.
A conferir.