Entre a segunda quinzena de março e o começo de abril, o ex-senador Sérgio Machado, instruído pela Polícia Federal, gravou conversas, por telefone e pessoalmente, com senadores do alto clero do PMDB. Uma das conversas, com Romero Jucá, foi divulgada pela Folha de São Paulo. Com o senador Renan Calheiros foram pelos menos duas conversas – uma por telefone e a outra no gabinete da Presidência do Senado.
Diferente da gravação com Romero Jucá, Sérgio Machado não conseguiu obter afirmações comprometedoras de Renan. Depois de ouvirem, ouvirem de novo, as conversas gravadas, a conclusão dos investigadores é de que Renan desconfiou de que poderia estar sendo grampeado e deu respostas evasivas. Quem analisou os diálogos ficou com a impressão de que a ansiedade em conseguir resultados fez com que Sérgio Machado fizesse perguntas fora de contexto, especialmente em telefonemas.
Sempre que Sérgio Machado insistia no pedido de ajuda para o seu caso não ser transferido para Curitiba, alçada do juiz Sérgio Moro, Renan desconversava. Não conseguiu, por exemplo, levar adiante qualquer diálogo sobre ministros do Supremo Tribunal Federal, o que foi fatal nos grampos do ex-senador Delcídio Amaral e de Romero Jucá.
Nas conversas, Renan até se dispunha a ajudar, mas sempre no campo político. Em momento algum avançou o sinal. Os investigadores avaliam que outros indícios e provas, como os depoimentos de Sérgio Machado sobre como operou para Renan Calheiros e outros políticos nos bilionários da Transpetro, empresa que presidiu por 12 anos, são suficientes para embasar denúncia ao STF contra Renan.