Pergunte a qualquer postulante à sucessão de Rodrigo Maia em que pé estão suas conversas com as variadas forças políticas. Em uníssono, a resposta de todos eles é que está muito cedo para falar sobre isso.
Conversas, no entanto, estão acontecendo por todos os lados. O que cada um deles evita é a exposição pública, tornar-se vulnerável a ataques de adversários.
Como em todos os colegiados, o processo de escolha de seus dirigentes é um dos mais excitantes. Portanto, a cautela externa não expressa a agitação interna, em que os candidatos buscam aumentar seus cacifes.
Em almoços, jantares e cafezinhos, as articulações correm soltas. Quem mais se expõe é o Centrão, que busca aliados entre governistas e oposicionistas.
Na semana passada, em jantar na casa do deputado Jovair Arantes, um dos possíveis candidatos, a noiva era o PMDB. Orientados pelo Palácio do Planalto, os deputados Lúcio Vieira Lima e Baleia Rossi foram lá para demonstrar simpatia e evitar qualquer compromisso sobre a sucessão de Rodrigo Maia.
De uma maneira geral, as conversas são para manter as portas abertas, mas ninguém quer apostar já em alianças porque, na velocidade política imprimida por operações como a Lava Jato, não dá para prever quem sobreviverá até fevereiro.
Nessa espécie de pique esconde, ninguém quer se comprometer. Semana passada, Rogério Rosso (PSD) e Heráclito Fortes (PSB), se encontraram e se abraçaram com entusiasmo no Cafezinho dos Deputados.
Diante dessa cena, perguntei se eles eram dois aliados ou dois adversários na disputa pela Presidência da Câmara. Com mais tempo de janela, Heráclito deixou a resposta para Rosso. Ele foi categórico:
— Claro que aliados. Ficar contra o Heráclito é como torcer contra o meu Flamengo. Não há hipótese.
Heráclito sabe sua chance de chegar lá melhora bastante se tiver os votos do Centrão.
Depois da surpreendente derrota para Rodrigo Maia, Rosso sabe que os votos do Centrão não são suficientes para vencer a disputa na Câmara.