O jogo dos caciques para manter no Senado o script do Centrão

A pajelança nessa terça-feira entre Bolsonaro, Toffoli, Alcolumbre e Rodrigo Maia no Palácio do Alvorada mira as reformas econômicas e em baixar a bola de Sérgio Moro e da Lava Jato

Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia

Toda vez que as ruas, manipuladas ou não, incomodam os donos dos poderes, eles buscam uma saída comum para parecerem confortáveis. Assim, nessa terça-feira, os presidentes Jair Bolsonaro, Dias Toffoli, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre vão tomar café da manhã no Palácio da Alvorada. Depois de trocarem farpas, se tornarem alvos dos adversários, vão se apresentar como parceiros  da empreitada de tirar o Brasil do buraco.

Em meio a questões nacionais como as reformas da Previdência e tributária, serão tratados problemas  mais específicos, como o incômodo de Rodrigo Maia e Dias Toffoli por serem apedrejados nas redes sociais. Essa é uma pauta subjacente, ninguém quer passar recibo, mas atribuem os ataques à turma da Lava jato chefiada por Sérgio Moro.

Brasília, domingo passado. Foto Orlando Brito

Há meses, Rodrigo Maia, Toffoli e Gilmar Mendes, com o apoio de caciques políticos de todos os naipes, o Centrão como executor, planejam dar um basta em Sérgio Moro e na Lava Jato. Definiram como primeiro alvo a mudança do comando do Coaf  da Economia para a Justiça de Moro. Aos trancos e barrancos, conseguiram aprová-la, em um uma votação apertada, pelo plenário da Câmara.

É a pauta de hoje do Senado, sua estreia em decisões polêmicas até agora restritas à Câmara. O Senado, que sempre foi a trava de segurança do establishment político, virou campo minado desde a derrota de Renan Calheiros na disputa por seu comando. Foi um recado de que a mudança ali, causada pelas eleições, prometia outras novidades.

Manifestante na Esplanada. Foto Orlando Brito

Por razões diferentes, os presidentes de todos os poderes se empenham contra uma eventual decisão do Senado devolvendo o Coaf a Moro. Se mobilizam porque sentem que, depois da pressão das redes sociais e das manifestações de domingo, cresceu o risco de que isso ocorra.

O novo Senado quer ser protagonista. Está incomodado com o papel de coadjuvante da Câmara, na expectativa de que entre em cena apenas no segundo semestre.

Se sair acordo no café da manhã entre os presidentes, o Senado vai ter que aguardar mais um pouco no papel de expectador. Se o script não der certo, o apoio ao Coaf com Sérgio Moro pode surpreender.

A conferir.

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