As mudanças políticas às vezes parecem abruptas, mas raramente são frutos do acaso. O impeachment de Dilma Rousseff é um exemplo disso. De tropeço em tropeço, em uma sequência inacreditável de barbeiragens, ela caiu, para alívio inclusive de alguns aliados.
Mas o tombo dela teve causas e efeitos maiores. A Lava Jato escancarou a corrupção nos governos petistas. Eles perderam o chão. Sem ter como se defenderem, mais uma vez apelaram por um slogan: Dilma foi vítima de um golpe parlamentar.
No mundinho das chamadas esquerdas, até fez sucesso. Nas urnas, nas eleições municipais de 2016, não colou.
Mesmo que essa teoria da conspiração seja apenas mais uma tentativa de explicação do inexplicável, o impeachment não caiu do céu. Foi construído pelos políticos. Aliás, em várias frentes.
Uma delas foi o grupo de deputados, que se autodenomina G 8, e se articula, entre garfos e facas, na boa comida servida na casa de Heráclito Fortes. Além do anfitrião, fora ocasionais, integram o time os deputados Jarbas Vasconcelos, Benito Gama, Roberto Freire, Marcus Pestana, José Carlos Aleluia, Rubens Bueno e Raul Jungmann.
Essa equipe foi decisiva para o sucesso do impeachment de Dilma.
Eles estão preocupados agora com a possibilidade de que a pulverização de candidatos identificados com o centro leve a uma disputa no segundo turno entre Jair Bolsonaro e algum herdeiro do cacife eleitoral de Lula.
Um detalhado levantamento das eleições presidenciais de 1989 assustou a turma. De acordo com os números, se os candidatos do tal centro tivessem, por exemplo, se unido em torno de Mário Covas, em vez de Lula, seria ele a enfrentar Fernando Collor no segundo turno daquela eleição presidencial.
A tese de unir forças no primeiro turno é até atrativa. O problema é em torno de quem. Os tucanos dizem, baseado nas atuais pesquisas, que o mais viável é Geraldo Alckmin. O PPS já embarcou nessa canoa.
Nos outros partidos ainda há resistência. Querem antes de abrir mão de seus projetos eleitorais que Alckmin se mostre consistente.
A conferir.