Com matrizes diferentes, PT e PSDB nasceram com vocação social democrata. Houve um tempo em que se acreditou que uma aliança entre eles seria o melhor caminho para mudar os costumes políticos, com seus arraigados defeitos.
Na vida real, cada um buscou seu rumo e privilegiou justamente parceiros do atraso político para se impor sobre o outro.
Nesse jogo, o PT primeiro apostou em discurso e propostas que o distanciavam dos tucanos e asseguravam a sua hegemonia nas esquerdas.
Conseguiu se impor nessas tribos, sem igual sucesso na luta pelo comando do país. Lula tomou duas surras eleitorais de Fernando Henrique. Em ambas, martelava que o adversário, além de direita, era cúmplice das oligarquias país afora.
Os tucanos, com o PMDB no DNA, nadaram de braçada nas eleições entre 1994 e 2002. Sempre com o apoio das tais oligarquias.
O PT perdeu nas urnas, mas ganhou discurso para a desforra. Em 2002, encontrou a medida certa. Com alguma cumplicidade de FHC, trocou de camisa às escondidas do distinto público, e venceu as eleições.
Seu adversário de então, José Serra, tropeçou nas próprias pernas com uma defesa envergonhada das bases liberais tucanas, assediadas por Palocci e sua turma, e a tentativa de se mostrar mais à esquerda que Lula.
Lulinha paz e amor comemorou. Durante seu reinado, preferiu ir às compras no balcão em que partidos, deputados e senadores estavam à venda, a buscar um novo método de fazer política no País.
Os petistas achavam que era mais barato. Erraram na mão e no preço, como escancararam o escândalo do Mensalão e a Operação Lava Jato.
Lula e o PT perderam o chão. Sem saber para aonde correr, batem cabeça na definição de quem é parceiro, adversário e inimigo. Na tentativa de escapar da cadeia, Lula não quer briga com ninguém no mundo político. Faz afagos em Michel Temer, Sarney, Renan Calheiros e Delfim Netto.
Engana-se quem acha que Lula está vivendo em um mundo à parte nas hostes petistas. É o mesmo jogo. Ele acena para a direita enquanto os porta-vozes do PT gritam palavras de ordem identificadas com a esquerda e a extrema-esquerda.
É assim que Lula faz da política uma arma para sustentar a tropa de elite que tenta mudar as regras no STF.
É sua aposta em um alvará de soltura.
A conferir.