Na natureza, exploração e preservação vivem em constante conflito. Em nossa história recente, a agricultura e a pecuária, baluartes centenários da economia brasileira, trocaram posições em uma verdadeira gangorra. Ora vilãs do meio ambiente, ora salvadoras da pátria de um país à beira do abismo.
O momento agora era de reconhecimento ao chamado agronegócio como motor da recuperação econômica. Aí apareceu uma investigação da Polícia Federal, que pôs em xeque a produção de carne no Brasil.
Pelo pouco que mostrou, encontrou problemas que devem ser punidos de maneira exemplar. Todas as malandragens para ganhar dinheiro às custas da saúde alheia merecem o mesmo tratamento.
A dúvida que ficou no ar é se o trovão foi muito maior que o raio.
Isso pôs a PF na berlinda.
Nesses tempos de Lava Jato, o suficiente para choques e teorias de conspiração capazes de envenenar ainda mais os ares irrespiráveis nos gabinetes de Brasília.
Mas em Brasília sempre se pode mais.
Caixeiro viajante do agronegócio, o ministro Blairo Maggi tem se triplicado em agendas mundo afora.
Por tantos afazeres domésticos, abriu mão de uma delas. Um fórum sobre a sustentabilidade da agricultura no futuro, marcado para 28 de março, em Bruxelas.
O Itamaraty, em seu mundo à parte, não teve dúvida: escalou para o lugar do ruralista Blairo Maggi a ambientalista Isabela Teixeira, ex-ministra do governo Dilma Rousseff.
A leitura na Agricultura é que o Itamaraty deu um tiro no pé do governo.
O choque reverberou no Palácio do Planalto.