Em longa entrevista coletiva, Sérgio Moro colocou nessa terça-feira (6) vários pontos nos is. Fez, por exemplo, um relato cronológico de sua atuação no julgamento de Lula, rebatendo cada uma suspeitas da narrativa petista, e concluiu que a tal perseguição política não passa de um “álibi falso”. Inclusive a versão de que ele teria tornado público parte da delação de Antonio Palocci depois de ter sido sondado por Paulo Guedes para ser ministro da Justiça de um eventual governo Bolsonaro — as datas simplesmente desmentem essa última fantasia petista.
Questões mais relevantes também receberam respostas claras. Moro simplesmente tirou Bolsonaro do palanque. Tratou as ameaças de Bolsonaro contra minorias, respeito aos direitos humanos, movimentos sociais etc. como rompantes de campanha eleitoral. Segundo ele, depois de eleito, Bolsonaro estaria moderando propostas e discursos, em busca de alternativas mais consensuais. Repetiu que, em caso de divergências, vai se buscar um meio-termo.
Na entrevista de Sérgio Moro baixou várias bolas divididas. Fez reiteradas afirmações de que não há a menor hipótese de qualquer retrocesso democrático. E anunciou um pacote de medidas de combate à corrupção e ao crime organizado como um ataque frontal à impunidade de poderosos na política, nos negócios e nas facções criminosas. Se for mesmo efetivado, vai aumentar a eficácia da luta contra a criminalidade mantendo intactos os direitos civis.
Com explanações claras e didáticas, Sérgio Moro se somou ao esforço dos generais que aconselham Bolsonaro a adotar uma postura mais conciliadora, mais adequada ao papel de um presidente da República. A ideia é evitar polêmicas desnecessárias, inclusive em política externa. Eles já conseguiram, por exemplo, convencer Bolsonaro a escolher logo o ministro das Relações Exteriores — na bolsa de apostas, o favorito nessa terça-feira é o embaixador José Alfredo Graça Lima.
Esse movimento para abrandar Bolsonaro tem na linha de frente o general Augusto Heleno, líder inconteste do grupo de militares que, com apoio de técnicos civis, é responsável por grande parte do programa de governo. Bolsonaro também é fã de Heleno. Por causa dessa influência considerada positiva junto ao presidente eleito, o general Heleno, que já havia sido anunciado como futuro ministro da Defesa, deve ser deslocado para a chefia do Gabinete de Segurança Institucional para trabalhar, ao lado de Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
Para ser o principal conselheiro presidencial
A conferir.