Com uma mãozinha do governo e grana grossa de nossos impostos, Rodrigo Maia foi ao chão. Até o DEM, seu partido, foi atraído pela farra de verbas e promessas de cargos. O pano de fundo desse espetáculo tortuoso que, além de desmascarar o joguinho de que há ideologias em disputa, é o interesse comum em sepultar a Lava Jato e todas as investigações que envolvem a elite política país afora.
Nessas eleições para os comandos da Câmara e do Senado ficou tudo junto e misturado. No Senado, por exemplo, o MDB fingiu apoiar a candidatura da senadora Simone Tebet, defensora da Lava Jato, e na reta final a deixou na mão, o que era previsível. São vários senadores do partido acusados de corrupção. O PT pelo menos não tegervisou: puxou o bloco de apoio à candidatura do senador Rodrigo Pacheco, mesmo ele sendo o nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Entre todas as justificativas para essa estranha parceria, a que mais chamou atenção foi o argumento de que, como advogado, ele atuou na defesa de réu no escândalo do Mensalão. O que, na ótica, dessa turma o credencia para ajudar a dar um basta na Lava Jato e em outras investigações sobre corrupção política. Para eles e uma penca de bancadas, incluindo os tucanos e o MDB, Rodrigo Pacheco é confiável. Simone Tebet, com sua bandeira de combate à corrupção, não.
O mesmo movimento ocorre na Câmara dos Deputados. Lá, Baleia Rossi nem assume compromissos tão explícitos contra a corrupção. Mas seu adversário, Arthur Lira, todo enrolado em investigações, inquéritos e denúncias de corrupção — além do apoio de Bolsonaro que aposta em sua própria proteção e a de seu clã –, virou porto seguro para os políticos que temem ir para a cadeia. E eles são suprapartidários.
Daí essa reviravolta em vários partidos nas disputas na Câmara e no Senado. O bloco majoritário articulado por Rodrigo Maia na Câmara simplesmente se desmilinguiu. Aécio Neves no PSDB, ACM Neto no DEM e outros menos votados puxaram o tapete dele. Para quem começou o jogo dando as cartas, Maia na hora H está em uma sinuca de bico.
Sabe que já perdeu o jogo, ele se sente traído, e ameaça dar uma cartada final abrindo um ou mais processos de impeachment de Bolsonaro em sua última canetada como presidente da Câmara. Vai ter coragem política para se despedir com uma decisão desse tamanho?
A conferir.