Lula conquistou o país com a sua exuberante liderança popular. No poder, multiplicou esse cacife. Abatido por sucessivos escândalos, ele perdeu fichas ao desencantar uma legião de admiradores. Mesmo assim, mantem-se até hoje como um dos grandes players no nosso confuso jogo político.
Lula se define como metamorfose ambulante, um atalho para escapar de saias justas. Nessa geleia, sempre foi um sobrevivente. Virou gente grande com o passaporte da esquerda e, no poder, se tornou xodó das elites empresariais.
Desde o sindicalismo em São Bernardo, ele sempre se apresentou como um ator diferente de outros personagens de esquerda que conquistaram o poder mundo afora.
Não embarcou na canoa furada do culto à personalidade, distorção dos regimes dito comunistas no passado e nos remanescentes que até hoje assim se classificam.
Nem quis, também, se identificar como um caudilho, em uma tentativa de se diferenciar de Getúlio Vargas e Leonel Brizola.
O que seria esse diferencial acabou virando uma incógnita.
Quando chegou ao poder, no embalo de ventos favoráveis da economia mundial, uma gestão econômica sob medida para os banqueiros, Lula só pensava em não fracassar. De alguma forma, deu certo.
Começou a tropeçar primeiro no escândalo Waldomiro Diniz, depois no Mensalão, quando a ética foi para o espaço. Mas, uma boa máquina de propaganda, pilotada pelo marqueteiro João Santana, explorou bem sucedidas políticas sociais para tentar fazer de Lula um mito no nosso amplo universo de desvalidos.
Outra vez deu certo. Parte desse público alvo até hoje se mantem fiel a Lula.
A gente sabe disso por causa das pesquisas de opinião pública.
São elas o argumento principal dos petistas em todo os embates políticos, éticos e jurídicos. Dizem que a popularidade de Lula é a melhor resposta para todas as questões.
Se as controversas pesquisas, com suas variáveis leituras, são o principal argumento dos defensores de Lula, por que, na sexta-feira (13) a direção nacional do PT tentou, sem sucesso, proibir a divulgação da pesquisa do Datafolha?
Ao longo da sua história, o PT combateu a impunidade para os corruptos, Justiça mais ágil, censura à imprensa, restrições às pesquisas…
Esse discurso se perdeu na estrada.
Com Lula na cadeia, condenado por corrupção, até a biruta do PT entrou em colapso. Os ventos de hoje colidem com os ventos de sempre.
O que dizem para justificar isso é que Lula sempre foi e continua sendo maior que o PT.
Como Lula,José Dirceu, Antonio Palocci, João Vaccari, entre outros caciques petistas, estão presos. Todos por corrupção. Diferente de petistas e ex-petistas históricos, como Olívio Dutra, Tarso Genro, Vladimir Palmeira, Paulo Paim, José Eduardo Cardozo, Marina Silva…
Não é todo o PT que está na cadeia.
Mas a máquina petista vai esticar a corda até aonde der.
Em seitas, o suicídio coletivo até ocorre.
Na política, não.
A conferir.