De volta ao Brasil, Michel Temer, mesmo a contragosto, terá de fazer algumas opções entre alternativas que certamente provocarão ruídos em sua enorme base parlamentar. Para seus próprios aliados, a postura do vai e vem da interinidade não se justifica mais. O recado dos tucanos, verbalizado por Aécio Neves, é de que Temer se entenda com o PMDB sobre que caminhos seguir.
A resposta do presidente é de que conversa o tempo todo com todos parceiros políticos. Há quem ache que isso é importante, mas não pode ser o foco principal. Entre os que assim pensam está o senador Jader Barbalho, cacique do PMDB e grande raposa da política brasileira.
A Os Divergentes, Jader Barbalho avaliou que se ficar no tititi entre os partidos políticos, Temer e seus aliados correm sério risco de perderem o bonde da história: “Michel tem que apresentar propostas claras para a sociedade. Conquistar seu apoio para medidas duras, mas necessárias. Isso é o mais importante para aprova-las no Congresso”.
O PMDB tem sido pródigo no apoio a reajustes salariais para as mais variadas corporações. Na opinião de Jader, não dá para aprovar novos aumentos, nem os que beneficiam os ministros do Supremo Tribunal Federal e a muitos outros por seu efeito cascata. “Se o governo não tiver coragem de dizer não até a reivindicações justas o país não supera a crise”.
— Não tem água benta para todos. Como em uma família que passa por problemas financeiros, é preciso ter prioridades. Adiar viagens, reduzir os gastos com o que não é essencial, mesmo que isso cause contrariedade.
Jader, que está percorrendo o Pará para dar apoio a seus candidatos nas eleições municipais, acha que o mundo real é muito mais preocupante que o jogo de poder em Brasília.
— Não dá para não encarar a crise econômica de frente. Se não tivermos capacidade de supera-la, com a reforma da Previdência, a fixação de um teto para os gastos públicos, entre outras medidas, vamos todos virar Maria Antonieta na sacada do Palácio de Versalhes. Aí será o caos.