Ministros empenhados em salvar o mandato de Michel Temer definem esse jogo político como uma corrida de obstáculos. Avaliam que, depois da vitória na Justiça Eleitoral, outro suspiro será a opção dos tucanos nessa segunda-feira (12) em manter o apoio ao governo. Eles a dão como certa.
Caciques tucanos confirmam que a maioria do partido é favorável a continuar dando respaldo à gestão Temer. Dizem mais: a pajelança tucana nessa segunda-feira, uma reunião ampliada com a presença de seus principais líderes, foi o cenário escolhido para confirmar decisão já tomada por seus caciques, com o apoio de Fernando Henrique Cardoso.
Na avaliação deles, por várias razões, uma ruptura agora não seria adequada. O pano de fundo é o risco para a aprovação de reformas consideradas essenciais para reativar a economia. Eles são identificados, inclusive pela nata do empresariado, como a força política motora dessas mudanças.
Por mais que o governo Temer seja impopular, a ruptura também poria sérios riscos políticos na balança. Um deles foi explicitado por Romero Jucá: se os tucanos pularem do barco agora podem esquecer do apoio de quem continuar para um projeto presidencial deles em 2018.
Outro dilema: como vão se diferenciar no Fla X Flu que virou a política brasileira dos adversários liderados pelo PT? Dizem ali que, em plena guerra, a troca da trincheira por um apoio sem compromisso só reforçaria o estigma de partido do muro, sem lado.
Essas são razões discutíveis em público. Há uma outra não explicitada: Aécio Neves.
Na ótica palaciana e no entorno de Aécio, há outra conta aberta. O rompimento dos tucanos com Temer agrava o risco de sobrevivência de seu governo, e, nesse caso, amplia a possibilidade de alguns ministros trocarem seus gabinetes por estadias em Curitiba ou na Papuda.
Por mais relevantes que sejam, a economia e a política não são agora o xis da questão. O pesadelo de políticos de peso de todos os quilates é a cadeia.
Se os tucanos abandonarem o PMDB, o troco poderia vir contra Aécio Neves no Conselho de Ética do Senado. Aécio sabe disso. E se movimenta para manter o apoio o apoio a Temer.
O que os tucanos costuram é uma maneira de não rachar o partido. A ideia é liberar a turma mais insatisfeita, como os deputados mais jovens, a se opor ao governo sem serem punidos. Mesmo assim, assegurando a maioria de seus votos na Câmara contra um eventual pedido do Ministério Público para processar Temer.
A intenção é tratar as divergências com certa compreensão da impaciência juvenil. Como ocorre nas próprias famílias. Caso, por exemplo, de Cássio Cunha Lima, primeiro vice-presidente do Senado, afinado com FHC, pai do deputado Pedro Cunha Lima, um dos líderes dos chamados “cabeças pretas”, que defendem o rompimento com o governo.
O Planalto e os “cabeças brancas” consideram a fatura liquidada.
A conferir.