Com Geddel Vieira Lima na corda bamba, podendo despencar nas próximas horas, o presidente Michel Temer está diante de uma escolha delicada e perigosa: um articulador político que não dificulte seu jogo no Congresso Nacional.
No Senado, Geddel tem pouca relevância. Na Câmara, onde de fato ele atua, a situação é mais complicada. Ali, é precário o equilíbrio na ampla base parlamentar do governo, dividida na escolha do futuro presidente da Câmara. A disputa está acirrada entre os partidários da reeleição de Rodrigo Maia e o Centrão, com outras forças partidárias correndo por fora.
Com Geddel, tido como aliado de Rodrigo Maia, já há um mal estar. Sem ele, todas as correntes vão querer um articulador que no mínimo aparente neutralidade. Não é fácil encontrar alguém com esse perfil e com capacidade de administrar a gula por cargos e verbas da base governista.
Essa dificuldade até poderia dar uma sobrevida para Geddel. Mas, no entorno de Michel Temer, a situação do ministro é avaliada como “delicada e gravíssima”. Afinal, ele teria usado sua proximidade com o presidente e todo o cacife do cargo para conseguir vantagens pessoais, caso típico de abuso de poder, entre outros delitos penais.
O estilo trator e desbocado de Geddel levou um tiro, aparentemente mortal, do educado diplomata Marcelo Calero. Se sair da Secretaria de Governo, Geddel perde também o foro privilegiado, podendo ir para a jurisdição de Sérgio Moro. Ele está sendo investigado na Operação Lava Jato.