O barato da política é sua capacidade de surpreender. Verdades, dogmas, lendas e mitos despencam a qualquer momento. Aí, sempre vai aparecer alguém para explicar. É da vida.
É uma espécie de engenharia reversa.
Mesmo assim, há constatações sem contestações. Se a vida do povo vai mal, em uma economia que tropeça nas próprias pernas, os governantes também serão mal avaliados.
Nem é preciso recorrer ao batido exemplo da vitória de Bill Clinton na disputa com George Bush, o pai, pela Casa Branca. Ali, o marqueteiro James Garville se consagrou com “é a economia, estúpido”.
Às vezes, o óbvio é a melhor solução.
O problema aqui, de uma economia que chegou a um buraco sem precedente, é o paradoxo em que se transformou o governo Michel Temer.
Mesmo tendo de assumir o comando em um voo que os pilotos perderam o rumo, a equipe econômica comandada por Henrique Meirelles exibe competência. A performance do Ilan Goldfajn no Banco Central, na virada da roleta da inflação e dos juros, merece aplausos.
E, talvez, até uma autocrítica dos que criticaram sua escolha como opção pela continuidade da ciranda financeira.
Mesmo com alguns tropeços como o aumento do desemprego, indicadores daqui e dali mostram que o país está saindo do fundo do poço.
O governo que tem de dar certo começa a dar certo.
O problema é que o governo que não pode dar errado começa a ficar sem chão.
Pelo andar da carruagem, Michel Temer, se sobreviver, pode ficar sozinho no Planalto.
Não só ele.
A política no Brasil está na UTI.
Deveria ser uma boa notícia. Para a economia, pode não ser.
A conferir.