Sei porque me chamo Andrei e tenho um irmão Vladimir. Conheço muita gente com nomes inspirados em convicções políticas e ideológicas. Penso nisso toda vez que ouço o nome do procurador da República Ivan Marx. Não sei os motivos pelos quais seus pais o escolheram, apenas imagino.
O fato é que Ivan Marx é protagonista em dois inquéritos com pareceres que ampliaram o fosso entre a presidente afastada Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Marx deu um derradeiro prazer a Dilma ao cravar que as famosas pedaladas fiscais não são ilegais — isso foi incorporado por sua defesa no processo de impeachment e bombado nas redes sociais.
Depois da decepção com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem Lula chama de “ingrato”, alguns petistas menos avisados chegaram a incensar Ivan Marx. Mas ele é o mesmo procurador Ivan Marx que propôs — e o juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite acatou — a abertura de processo contra Lula, seu compadre José Carlos Bumlai, o banqueiro André Esteves, o ex-senador Delcídio do Amaral, entre outros, por crimes relacionados à obstrução de Justiça.
Assim, pela primeira vez desde que chegou ao poder, Lula virou réu. Sua defesa tem 20 dias para tentar desqualificar os argumentos de Ivan Marx. Dilma tem os mesmos 20 dias para usar os argumentos de Ivan Marx para se defender no Senado. Na realidade, o pau que bate em Chico nem sempre bate em Francisco.