Nas chamadas repúblicas de banana, a vontade do eleitor costuma ser desrespeitada. Os Estados Unidos se orgulham perante o mundo de serem a maior democracia do planeta. Ali os resultados no confuso processo de apuração de votos, definido por regras de cada um dos seus 50 estados, mesmo quando contrariou os derrotados, jamais foi acusado de corrupção em uma eleição presidencial — até porque todos senadores e deputados federais foram eleitos pelas mesmas cédulas.
No desespero pela derrota para Biden, Donald Trump resolveu chutar o pau da barraca da própria democracia americana. já sabia que tinha perdido o jogo. Na noite dessa quinta-feira, em um pronunciamento na Casa Branca, foram tantas as mentiras e agressões às instituições e até a cidades histórica americanas, como a Filadélfia, que as três principais redes de televisão dos Estados Unidos resolveram tirar seu delírio no ar. Isso é inédito. Inacreditável em qualquer outro momento da história.
O problema para Trump é que nos Estados Unidos as leis devem valer. Líderes do próprio partido republicano começaram a pisar no freio. Não querem se associar a uma penca de crimes. Inclusive o de conspirar contra a democracia americana, e usar a Casa Branca e o dinheiro público na campanha de forma aberrante – escândalo que só agora passou a ser investigado por uma comissão especial que pode abrir processo com potencial de condená-lo. Somado a outros golpes, inclusive em seus negócios pessoais, Donald Trump pode ser o primeiro ex-presidente americano a ir para a cadeia.
Parece exagero, mas não é. Nenhum atentado terrorista ameaçou tanto a democracia americana. A tentativa de golpe agora é comandada de dentro da Casa Branca. O reality show perdeu a graça, virou crime. Por mais que tenha conseguido rachar o país, de alguma forma tem de ser punido.
A conferir.