A última pesquisa do DataFolha antes do início da campanha eleitoral no rádio e na televisão mostra que, até aqui, Ciro Gomes e Simone Tebet, candidatos a romper a polarização entre Lula e Bolsonaro, continuam empacados. Lula segue estável na liderança e Bolsonaro ganha alguns pontinhos que poderiam dar um mínimo de gás aos concorrentes.
Nos grupos de discussão nas redes sociais com participação de intelectuais e assemelhados, como o Roda Democrática, Simone e Ciro fazem o maior sucesso. Mas não crescem na intenção de voto no povão. Com o mais escancarado estelionato eleitoral depois da redemocratização do país, Bolsonaro cresceu um pouquinho e, em vez de comemorar, passou recibo: “Eu apenas ri dessa pesquisa. Deveria mudar de nome para DataLula… Confio na realidade, não nessa empresa falida”, disse o senador Flávio Bolsonaro, o 01, à jornalista Bela Megale, de O Globo.
Outro integrante da campanha de Bolsonaro, Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil, que há meses quebra a cara com prognósticos errados sobre a corrida presidencial, também aderiu a galhofa. “O Datafolha se acostumou a só acertar no dia da eleição”. Muito diferente desse discurso pra fora é o mergulho que todas as campanhas e analistas independentes fazem nos mais diferentes segmentos apurados por essas pesquisas.
O DataFolha é uma espécie de bússola para políticos, marqueteiros, pesquiseiros e jornalistas. A má notícia para Ciro Gomes é que desde dezembro do ano passado Lula segue com 47% das intenções de voto, a um passo do paraíso de vencer no primeiro turno. Pelo grau de fidelidade apurado por essa e outras pesquisas, o pavor de um novo mandato pra Bolsonaro pode fazer boa parte dos eleitores de Ciro cravarem Lula no primeiro turno. O mesmo pode acontecer com eleitores de Simone Tebet.
Evidente que essa discussão sobre voto útil é prematura. Na próxima sexta-feira (26), começa a campanha na televisão. A expectativa é de muita pauleira. Mas se Bolsonaro e Lula se engalfinharem, Simone Tebet, que tem um bom tempo, e Ciro Gomes podem passar sua boiada.
Se ocorrer algumas dessas hipóteses, vai ser a maior zebra nos páreos presidenciais. Se Lula se mantiver estável, mesmo com pulinhos de Bolsonaro, a dúvida é se a eleição será resolvida no primeiro ou no segundo turno.
A conferir.