Não foi só o presidente Jair Bolsonaro que baixou a bola. Seu estridente clã deixou de, a cada post, criar um novo atrito. Até na adesão da família a Parler, a nova rede social criada nos Estados Unidos que virou queridinha de Donald Trump e da direita mundo afora, quem mais chamou a atenção foi o senador Flavio Bolsonaro, o mais brando deles. Acuado pelas investigações do Ministério Público que avançaram com a prisão do seu faz tudo Fabrício Queiroz, Flavio tenta esconder o medo com piadinhas sem graça. “Devo ser muito gostoso… ainda nem fui ouvido e o cara já pediu a quebra do sigilo do meu advogado… Não sei que tesão é esse em mim”.
Máscaras: Bolsonaro libera barbárie
O momento mais agressivo de Flavio Bolsonaro foi à “fofoca” de seu suplente Paulo Marinho, “também conhecido como tiazinha do pulôver”, que o acusou de ter recebido informação privilegiada de um delegado da Polícia Federal que levou a demissão, no mesmo dia, de Queiroz e da filha dele Nathalia contratada pelo gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro em Brasília. Foi um barata voa.
O advogado Fred Wassef, uma figura obcecada por armas que sempre viajou em conspirações, assumiu pelo clã Bolsonaro a gestão de Queiroz e do seu entorno. Detalhes do seu controle sobre a família de Queiroz são revelados todos os dias. A dúvida é sobre a outra perna dessa história, o capitão miliciano Adriano Nóbrega e sua família. Se o Queiroz, preso, se mantiver em silêncio, os investigadores apostam que sua mulher, Márcia Aguiar, foragida, quando for presa vai abrir todo o jogo. Ela simplesmente desempenhou o papel de leva e traz nesse enredo. Gravações mostram que ela já estava cansada disso.
Tudo isso aumenta o sufoco de Flavio Bolsonaro. O que levou seu pai a finalmente por um mínimo de ordem na casa. Passou a se controlar, acenar com conciliação aqui e alhures como na reunião virtual dos presidentes do Mercosul, e enquadrou Carluxo e Eduardo Bolsonaro. O resultado é que a armada bélica dos Bolsonaros entrou de férias.
Essa baixada generalizada de bola pode ser passageira. Quem desde o início do governo tem segurado os rojões, lançados a cada dia por algum membro do clã, tenta agora desativar os explosivos ainda ativos no governo. Conseguiram demitir o maluquete Abraham Weintraub da Educação e tentam colocar alguém com um mínimo de sensatez nesse cargo estratégico para o futuro do país.
A pressão internacional, que Bolsonaro parece finalmente ter entendido, está dando força pelo menos para mais outras duas mudanças emblemáticas nesse governo: as trocas do incompetente chanceler Ernesto Araújo e do desastrado ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. O problema é que, se houver uma mudança efetiva desse perfil retrógrado, o discurso dos Bolsonaros e do guru Olavo de Carvalho vão pro sal.
É essa contradição que leva a um pé atrás a outros atores que assistem essa aparente mudança do presidente Bolsonaro e de sua briguenta família.
A conferir.