A casa caiu e o que se discute é como ela caiu e não porque ela caiu. Essa é a contradição que paralisa a elite política brasileira na tentativa de desatar o nó da Operação Lava Jato.
Por todo e qualquer ângulo, as reclamações sobre vazamentos de informações legalmente sigilosas são relevantes. Mesmo quando quem vaza é quem chia. Conheço bem vários enredos desse filme.
O esperneio de Lula, Renan Calheiros e muitos outros sobre abuso de autoridade de quem ousa investiga-los não responde a questão central. Nem trisca.
Eles são a ponta de lança de quem quer melar um jogo aparentemente perdido. São estimulados nos bastidores por caciques políticos como Aécio Neves, Rodrigo Maia, José Sarney, Moreira Franco e as principais lideranças do PSDB, PMDB, PT…
A neura aumentou com o vazamento dos depoimentos da cúpula da Odebrecht à Justiça eleitoral. Nem sempre a confirmação do esperado reduz o susto. O que ali foi exposto é um tiro praticamente fatal contra a chapa Dilma Rousseff/Michel Temer.
Como Dilma já era, só tisnou a biografia que ela tentou inventar para si mesma. Sobrou, portanto, para Temer. Ele joga com diversas cartas para tentar atravessar mais essa pinguela com o propósito de chegar até o final de 2018.
O que apavora a todos é que até agora vazou um bom petisco. Nas delações da Odebrecht têm muito mais. Com riqueza de informações, indícios e provas, elas põem quase todos os partidos na roda da corrupção. De um jeito ou de outro, alto, médio e baixo cleros parlamentares vão juntos.
O problema de todos eles é como sobreviver a essa linha de tiro.
Alguns parecem céleres.
Lula voltou a ser forte protagonista nas denúncias.
Coincidência ou não, em menos de 24 horas, ele recuou em duas frentes: desistiu de assumir a presidência do PT em junho, em que era tido como a solução para evitar o racha do partido; adiou para sine die o lançamento de sua candidatura ao Palácio do Planalto previsto para maio.
Pelo que se ouve entre os tucanos, eles vão na mesma toada. Aécio Neves puxa a fila.
Perderam o rumo da história.
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