Como era pedra cantada, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha, acatou o pedido da defesa e autorizou a transferência de Fabrício Queiroz do presídio de Bangu 8 para prisão domiciliar. Decisão extensiva à mulher de Queiroz, Márcia de Aguiar, que está foragida, com a justificativa de que ela “pode cuidar do marido em casa”.
Mesmo prevista — o ministro Noronha é considerado um aliado pelo Palácio do Planalto — a decisão reduz a tensão na família Bolsonaro, que subiu muito depois que Queiroz foi preso em uma das casas do advogado Friederich Wassef, encarregado da defesa do senador Flávio Bolsonaro e com procurações do próprio presidente da República. Queiroz era uma espécie de faz tudo com o clã Bolsonaro, o operador das famosas rachadinhas e elo com as milícias cariocas.
Na avaliação de ministros do STJ, João Noronha tem a expectativa de ser escolhido por Bolsonaro para uma das vagas a serem abertas no Supremo Tribunal com as aposentadorias compulsórias dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello. A comparação que se faz ali é com o comportamento do ex-ministro Cesar Asfor Rocha, que, na presidência do STJ, não mediu esforços para atender o então presidente Lula, convencido de que estava carimbando uma vaga para o Supremo Tribunal Federal.
Preterido, César Asfor não escondeu sua frustração. A vários interlocutores chegou a dizer que Lula o havia traído.
João Noronha mandou Queiroz para casa, com tornozeleira eletrônica e proibido de entrar em contato com outros investigados. Mesmo sendo uma decisão provisória, que pode ser revertida pelo STF ou em agosto pelo rigoroso ministro do STJ Felix Fischer, que é o juiz natural do caso, a expectativa é de que Márcia de Aguiar finalmente dê as caras.
A conferir.